Recebi a notícia da morte de Bert Hellinger na sexta-feira passada, no intervalo de um curso avançado de Constelação Familiar. A dúvida de que a informação fosse real se instalou e precisei verificar para ver se era isso mesmo. Me pareceu estranho que ele partisse em silêncio, ou fazendo um barulho leve de folha.
Ainda me lembro do barulho estrondoso que se fez dentro de mim quando eu o conheci pela primeira vez, em uma palestra com a Maria José. Era como se todas as estruturas dentro de mim fossem tomadas por um dilúvio. O destino que eu havia planejado foi arrastado para fora de construções demolidas, para algum lugar desconhecido.
O pensamento de Bert me fez descer do meu cavalo de batalha e me abrir para algo misterioso, para um imenso e fascinante vazio. Me guiou para suportar a ansiedade do silêncio, o conflito da culpa e a inquietação do não-saber. Trouxe a certeza que não havia nada sólido e até o conhecimento das Constelações Familiares, eu também teria de soltar.
E assim, ele também se soltou, como uma fruta madura que se desprende, ou um pássaro que toma seu rumo. Foi em silêncio, como o movimento da água… a força vaporoza que se desdobra de si mesma e se expande ao novo.
Ficou em mim a gratidão, por ter sido afeta por essa consciência que habitou um corpo humano, nos trouxe um presente especial e tomou seu rumo.
“À tal celebração comparecem todos os que foram importantes em sua vida. E cada um que vem traz algo, fica um pouco – e parte. Assim, como vêm os desejos ou o sofrimento. Trazem alguma coisa, ficam um pouco – e partem. E também como a vida vem, nos traz alguma coisa, fica um pouco – e parte.” Bert Hellinger